Almeida T.F.; Vianna M.I.P.
O Papel da epidemiologia no planejamento das ações de saúde bucal do trabalhador
O Papel da epidemiologia no planejamento das ações de saúde bucal do trabalhador
Saude soc. v.14 n.3 São Paulo set./dez. 2005
“No que concerne às conseqüências das condições de trabalho para as estruturas bucais, sabe-se que, em razão da localização e das funções que o trabalhador exerce, estas são vulneráveis à ação de agentes tóxicos presentes no ambiente e podem conduzir a alterações bucais. Assim, o campo da saúde bucal do trabalhador, cujos princípios se aproximam dos da saúde do trabalhador, tem como objeto a relação entre saúde bucal e trabalho, tratando de promover, preservar e recuperar a saúde bucal de populações inseridas nos diversos processos de trabalho, contribuindo assim para a sua qualidade de vida (Araújo e Marcucci, 2000).”(p.4)
“Simpsom, em 1919, publicou estudo sobre a presença de erosão dental e inflamação gengival em operários de uma fábrica de explosivos. Schour e Sarnat (1942) elaboraram uma detalhada revisão da literatura analisando as manifestações bucais de origem ocupacional. Além de doenças buco-dentais decorrentes de exposições ocupacionais, podem também ocorrer acidentes de trabalho envolvendo as estruturas bucais ou manifestações de doenças ocupacionais bucais de natureza sistêmica (Garrafa, 1986). Este é, portanto, um campo de grande interesse para a Odontologia.”(p.7)
“Na América Latina e, particularmente, no Brasil, apesar da escassez de pesquisas na área da Odontologia do Trabalho, foram identificados quatro estudos de revisão, publicados a partir de 1972 (Nogueira, 1972; Esteves, 1982; Garrafa, 1986; Aznar Longares e Nava, 1988), e alguns estudos empíricos (Almeida, 2005; Silva 2002; Vianna, 2001; Tomita e col., 1999; Araújo, 1998). A seguir, apresenta-se a síntese desses estudos:”(p.8)
“• Exposição a agentes mecânicos como pregos, fios de costura, grampos de cabelo, lápis, e outras pequenas peças ou ferramentas, são apontados como responsáveis por tipos característicos de desgaste dental. Refere-se também a ocorrência de abrasão dental em trabalhadores expostos a grandes partículas de poeira, em sopradores de vidro e em músicos que utilizam instrumentos de sopro.”(p.9)
“• Entre os agentes físicos referidos nesses estudos, predominam as altas temperaturas, as variações de pressão atmosférica e as várias formas de radiação, associadas respectivamente a lesões de mucosa e a doença periodontal; a alterações em restaurações dentárias e a dor intensa; a lesões da mucosa oral, xerostomia, alterações ósseas e cárie de radiação.”(p.10)
“• A cárie dentária encontra-se freqüentemente associada às atividades desenvolvidas por trabalhadores expostos a poeiras de açúcar e de farinha, e por aqueles que atuam como provadores de doces ou de bebidas alcoólicas, no caso do vinho, também referido como responsável pela erosão dental.”(p.11)
“• Observa-se nos estudos de revisão e também nos empíricos uma predominância dos agentes químicos, orgânicos e inorgânicos, como principais responsáveis por alterações bucais de origem ocupacional, como lesões da mucosa oral, doença periodontal, alterações salivares e certos sintomas orais neles referidos, como dor, xerostomia, ardor, dentre outros.”(p.12)
“Petersen (1983) realizou estudo em uma indústria de chocolate dinamarquesa e constatou que os trabalhadores estavam expostos, com alto risco, a cárie e lesões periodontais, devido à exposição à poeira de açúcar presente naquele ambiente de trabalho, o que facilitaria o acúmulo da placa bacteriana. No entanto, Masalin e col. (1990), pesquisando a associação entre exposição à poeira de açúcar e saúde dental, através do registro do índice CPO-D (Dentes Cariados, Perdidos e Obturados), em trabalhadores da produção de doces, biscoitos, pães e em um grupo controle não exposto, concluíram que os resultados não suportavam a hipótese de que poeira de açúcar constitui um risco ocupacional para a saúde dental.”(p.14)
“Relatos da literatura especializada indicam que exposição ocupacional a substâncias ácidas, nas suas variadas formas físicas (gases, vapores ou névoas), constitui importante fator de risco para patologias bucais, observando-se resultados consistentes em relação à erosão dental. Diversos autores que avaliaram essa patologia, caracterizada pela desmineralização da estrutura dentária devido ao contato com substâncias químicas, encontraram uma elevada ocorrência dela em trabalhadores expostos a ácidos inorgânicos empregados em alguns ramos da indústria, como na metalurgia, siderurgia, em fábricas de baterias, etc. (Arowojolu, 2001; Amin e col., 2001; Araújo, 1998; Tuominen e col., 1989; Remijn e col., 1982).”(p.17)
“A implantação de programas de atenção à saúde bucal do trabalhador nas empresas é a forma mais eficaz e determinante na prevenção de alterações dos tecidos bucais, na redução da necessidade de tratamento de urgência, com a conseqüente redução do absenteísmo no trabalho, e aumento da produtividade, de acordo com Motta e Toledo (1983). Mazzilli (2003) relata que isso se deve à melhora do estado físico, mental e social decorrente da assistência odontológica a trabalhadores. Os programas instituídos em empresas contribuem para uma melhoria significativa do estado de saúde bucal dos trabalhadores assistidos e devem ter como filosofia a idéia de que a educação para a saúde está baseada no envolvimento ativo dos participantes, sejam eles os cirurgiões-dentistas ou os trabalhadores (Ahlberg e col., 1996).”(p.21)
“Sabe-se que a saúde bucal da população brasileira, particularmente da população economicamente ativa, é atingida por dois grandes problemas: a ausência de uma política setorial e a gravidade do quadro epidemiológico. Em 2003 foi concluído no Brasil um levantamento epidemiológico de saúde bucal organizado pelo Ministério da Saúde envolvendo a população de diferentes faixas etárias. Este levantamento mostrou a grande severidade do quadro das patologias bucais, sobretudo cárie e doença periodontal, além dos níveis inaceitáveis de exodontias realizadas e, consequentemente, da grande necessidade de prótese total dos adultos brasileiros (Brasil - MS, 2004). Segundo Pinto (2000), as melhores condições de saúde bucal encontradas em crianças e adolescentes do país vão sofrendo um processo de precarização contínua, chegando ao quadro lastimável de saúde bucal observado na idade adulta.”(p.29)
“Na atualidade, a Epidemiologia é entendida, em sentido amplo, como o estudo do comportamento coletivo da saúde e da doença, apresentando grande variedade de áreas temáticas, entre as quais encontra-se a epidemiologia ocupacional. Esta apresenta determinados objetivos ou aplicações, como: informar a situação de saúde do trabalhador; investigar os fatores que influenciam a situação de saúde; e avaliar o impacto das ações propostas para alterar a situação encontrada (Pereira, 1995).”(p.30)
Fonte: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-12902005000300010&lng=pt&nrm=iso
*Professor já estou começando a postar os fichamentos, dá uma olhadinha ai e diz se está correto.
Fonte: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-12902005000300010&lng=pt&nrm=iso
*Professor já estou começando a postar os fichamentos, dá uma olhadinha ai e diz se está correto.
Ok, Tais. Este é o caminho. Mas, coloque a referencia do artigo segundo as normas da ABNT.
ResponderExcluirAutor. Título. Revista. Volume. Número. Páginas. Ano.
E observe a relação do artigo com a disciplina de Genética e Evolução.
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Grande abraço, parabéns.
hoo...Professor desculpa!
ResponderExcluirJá coloquei o que o senhor mandou.Dá uma olhadinha agora.
obrigada!